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Tuesday 20 March 2018

Desindustrialização brasileira : Gato preto ou branco ?




Em 02abr, na Assembléia Legislativa do RS, terá início um evento promovido pela UFRGS-ILEA. Alguns palestrantes : Tarso Genro, Stédile, Requião, Renato Rabelo, Miguel Rosseto, Manuela D´Ávila, Jaqueline Moll. Essas criaturas, e outras mais, falarão sobre desenvolvimento nacional e suas perspectivas. Uma ante-sala do que almejam em termos de políticas comunistas acaso se sobressaiam nas eleições; uma espécie de “grande salto para o futuro”. 















O que de fato precisaria ser seriamente debatido, por cabeças lúcidas e preparadas, é o movimento em queda da indústria nacional. Nos anos JK a participação da indústria na formação do PIB representava ao redor de 11%. Entre o regime militar e meados de 1980 atingimos o pico, de cerca de 28%, momento a partir do qual vimos regredindo gradualmente. 

O setor esboçou uma reação no governo FHC, passando de pouco mais de 15% para 19,2% em 2004. Porém rolou ribanceira abaixo nos 13 anos de PT. Obviamente, esse comportamento é tendência mundial. Países industrializados também vêm experimentando queda, com participação oscilando entre 12% a 20%, com média de 16%. O setor industrial brasileiro atualmente está em cerca de 11%. Portanto, a correlação entre um crescimento estagnado de PIB e uma participação decrescente da indústria é direta. E o país pouco poderá esperar quanto a maiores taxas de crescimento futuras acaso não promova medidas concretas para atração de novas indústrias de grande capital estrangeiro, novos investimentos por parte das grandes indústrias nacionais ainda existentes e favoreça o empreendedorismo em estratos populares. 

Há de se destacar, porém, que essa queda se deve em grande medida a que o setor de serviços sofreu brutal incremento devido à inovação produzida pela internet e comunicação celular surgidas na década de 1990. Nesse sentido, e ainda com acréscimos da nanotecnologia, robótica, mecatrônica, biotecnologia e Terras Raras, a engenharia das coisas está cada vez mais se especializando em componentes menores, onde já não são necessárias grandes instalações e contingentes braçais de funcionários, mas, ao contrário, pequenas áreas e poucos funcionários. Porém empregados com grau elevadíssimo de instrução e especialização. 



No lado econômico, estamos finalizando um ciclo em que ainda predomina um padrão privado de negócios (ou liberal, de livre comércio), iniciado em 1982. Antes dele vigorou um padrão público de negócios, com predomínio de investimentos de governo, que iniciou em 1929 (e antes disso, por igual período, fora privado também). Logo, a cada ciclo de aproximadamente 51,6 anos há uma alternância entre a origem do capital, se público ou privado. Este período de alternância que rege a economia é a soma de seis ciclos menores de 8,6 anos cada (ou 3.141 dias - obtido a partir de 𝚷 x 1.000), relacionados ao modelo ECM - Economic Confidence Model, desenvolvido por Martin A. Armstrong. Essa teoria é baseada a partir de uma lista de 26 pânicos financeiros históricos ao longo de 224 anos, entre 1638 e 1907. Este ciclo não deve ser  confundido com o ciclo de Kondratiev, de aproximadamente 54 anos. 


Portanto, falar-se em capitalismo ou socialismo, na atual conjuntura, soa obsoleto, haja vista o socialismo chinês ser capitalista, assim como os capitalismos norte-americano e Inglês (Brexit), estarem apresentando guinada protecionista. Devemos cada vez mais articular o termo “hibridismo econômico”. O início de um novo ciclo público, esperado para 2025/30, decorre de que governos necessitarão atualizar suas infra-estruturas, principalmente o Ocidente (aí incluído o Brasil), em oposição às estruturas modernas de Japão, China, Coréia do Sul e alguns países árabes proeminentes, assim como prover pesados recursos para a área espacial, bem como investimentos em estruturas de armazenamento hídrico (um problema que bate à nossa porta). 



Outro ponto repousará na necessidade de governos proverem um subsídio mensal às pessoas, em virtude de que centenas de milhões perderão seus postos de trabalho para humanóides. A previsão é de que isso ocorra a partir de 2025, em atividades básicas ou de risco (como mineração e policial), ou em atividades rotineiras (na indústria, agricultura, serviços, medicina, enfermagem, transportes, aviação, atividades públicas). Essa mudança será  crescente, e com  aperfeiçoamentos e implementação de inteligência artificial deverá atingir também os postos de maior complexidade laboral.  Nossos "cabeça de jerimum" ainda sonham com a tomada gloriosa (assassina e desastrosa) do poder, sem perceber que o século XXI urge em ações pela continuidade da espécie para o século seguinte. Mao Tse Tung disse : “Eu não ligo se o gato é preto ou branco, contanto que seja bom em pegar ratos”




Eduardo Mendonça de Lima
Aspirante a Oficial pela PMDF, Bacharel em Economia, pós-graduado em Administração Financeira, e em Análise, Elaboração e Avaliação de Projetos, pela FGV-Brasília. Cursou o mestrado em Economia do Desenvolvimento pela PUCRS. Ex-integrante do Geipot (Min. Transportes) e Agência Brasileira de Cooperação (Min. das Relações Exteriores). Atuou em empresas de porte do setor privado. Atualmente é avaliador de Empresas, perito judicial e docente em cursos de pós-graduação em Macroeconomia Valuation. Ex-Conselheiro do Corecon-RS - 2010-2016.