Dando continuidade (primeiro artigo acesse aqui), pode ser destacado que
o apogeu grego apresentou fortes influências sobre os principais
pensadores clássicos : - Aristóteles, Platão, Sócrates. O período
que vai de aproximadamente o século VII A.C. a 150 A.C. é pródigo na produção
de conteúdo.
Porém, inserido nesse
período maior está o Helenismo, que compreende o interregno entre a morte de
Alexandre, em 323 A.C. até a completa anexação desse império pelos romanos, em
146 A.C.. Nesta fase de transição, que significou a difusão da cultura grega,
do Mediterrâneo até a Ásia Central (próximo à Índia), significou a
concretização de se levar essa cultura aos territórios que eram conquistados.
Nesse período a ciência, por meio de Euclides e Arquimedes, teve seu
primeiro desenvolvimento. Sob a égide do império romano, as cidades gregas perdem sua autonomia, e
seus exércitos submetem-se ao invasor ficando adstritos a funções
administrativas. Restam frustradas, portanto, a questão política
e sua democracia, em função da tirania e corrupção, pois a
"polis" grega é subvertida por
meio do emergente intercâmbio comercial influenciado por
Roma. A fragmentação do império helênico ocorre de forma mais rápida
do que fora sua formação.
Vendo frustradas as possibilidades políticas,
a democracia corrompida pela tirania, a
pólis submetida pela força a um cada vez maior
intercâmbio comercial e com influências do Oriente helenizado, e com seus
exércitos sob jugo do conquistador, a filosofia grega entra em declínio, onde
acaba ocorrendo um retorno ao misticismo (o que geralmente ocorre em épocas de
crise), ao mesmo tempo que cria um tipo de sentimento de pessimismo e
justificação, resistência e negação da realidade em que vive. Isso explicaria
os diversos movimentos de idéias e seitas morais que surgem nesta época (século
II a.C.), nas diversas cidades gregas: - O estoicismo, o epicurismo,
o pirronismo, o ceticismo e
o cinismo.
A Ética Romana
A ética grega produziu enormes reflexos, por ser universalista e
etnográfica (devido à expansão territorial). O cidadão grego nesse período começou a refletir sobre a vida pública e
consigo mesmo, exatamente o que acontecia às suas cidades (ausência de
autonomia, altos impostos, exército sob jugo e em funções administrativas),
desencadeando um processo de descrença em seus mais caros valores edificados. Para compensar
sua frustração, refugia-se no misticismo e num conceito de
"indivíduo" como medida compensadora à sua perda de liberdade pessoal
e política, acreditando numa felicidade
redentora.
Zenão de Cítio |
O pouco que produziram refletiu esse sentimento de decadência, impulsionados também pela própria crise de identidade romana conflagrada pela corrupção administrativa e política, bem como pelo próprio estilo degenerado de vida difundido na sociedade, como bem demonstrado pela obra Satiricon, de Petrônio. O estoicismo teve por protagonista Zenão de Cítio (336-263 A.C.), e pregava auteridade física e moral face aos sofrimentos e males do mundo, a chamada apathéa. O atingimento de uma serenidade perante o que nos circunda consoante uma "lei universal do cosmos" que rege a vida.
Sêneca |
Epicuro |
O epicurismo, trazido por Epicuro (341-371 A.C.)
destacava a procura pelo prazer duradouro, somente proporcionado por uma
conduta virtuosa, em que a o supremo prazer seria a natureza intelectual pelo
controle dos excessos, das paixões. Assim era atingida a ataraxia,
que consistia num estado de espírito de quietude, serenidade, de ausência de
dor (aponia), de imperturbabilidade da alma. Foi a base para o
hedonismo, linha filosófica que não distinguia os tipos de prazeres. O pirronismo, foi formulado por Pirro de Élida - ou Elis - (365-275 A.C.), mas somente fundada no séc. I D.C., mas somente fundada no séc. I D.C. por Enesidemo de Cnossos (2). Prega que nenhum conhecimento é considerado seguro devido a uma incerteza, que seria imanente. O conformismo com o imediato observado pelos sentidos, a aparência das coisas e a vida em felicidade e na paz deviam ser preferidas em vez de uma busca por uma verdade plena, pois esta seria impossível de efetivamente ser percebida pelo homem como assim lhe parecem.
Antístenes
|
Diógenes - pintura de Jean-León Gérôme - 1860 |
Eram extremistas quanto à filosofia de Sócrates de conhecer-se a sí mesmos. Diógenes de Sinope (412-323 A.C) foi quem levou tal filosofia mais arraigadamente, vivendo em um barril, com trapos em seu corpo e pregando pelas ruas de Atenas. Certa feita, Alexandre Magno, entrando em Atenas como conquistador com seus militares, encontrou-o em seu barril, tomando seu banho de sol. Fazendo-lhe sombra, perguntou-lhe o que desejava, que lhe seria concedido qualquer desejo; Diógenes limitou-se a responder que apenas não lhe fosse tirado o que Alexandre não o pudesse dar :
- “Sou Alexandre, aquele que conquistou todas as terras. Peça-me o que quiser que eu lhe darei. Palácios, terras, honrarias, escravos ou tesouros jamais vistos. O que você quer, ó Sábio?”;
|
-“Senhor, apenas não tire de mim o que não pode me dar”. (3)
O encontro entre Alexandre e Diógenes |
(1) - O koiné foi
o primeiro dialeto comum
supra-regional na Grécia, e chegou a servir como um lingua franca no Mediterrâneo
Oriental e no Antigo Oriente, próximo ao longo do
período romano. Foi também a língua original do Novo
Testamento da Bíblia e da Septuaginta (tradução grega
das escrituras judaicas). O koiné é o principal
ancestral do grego moderno;
(2) - Essa corrente filosófica foi retomada na na idade média com Al-Ghazali (1058–1111) e René Déscartes (1596-1650);
(3) - Segundo Raposo, Carlos (2009)
- em
https://scribatus.wordpress.com/2009/05/11/alexandre-e-diogenes-o-grande-e-o-cinico/
Eduardo Mendonça de Lima
Corecon-RS
6.502
Aspirante a
Oficial pela PMDF, Bacharel em Economia, pós-graduado em Administração
Financeira, e em Análise, Elaboração e Avaliação de Projetos, pela
FGV-Brasília. Cursou o mestrado em Economia do Desenvolvimento pela PUCRS.
Ex-integrante do Geipot (Min. Transportes) e Agência Brasileira de
Cooperação (Min. das Relações Exteriores). Atuou em empresas de porte
do setor privado. Atualmente é avaliador de Empresas, perito judicial
e docente em cursos de pós-graduação em Macroeconomia e Valuation.
Ex-Conselheiro do Corecon-RS - 2010-2016.
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