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Tuesday 14 April 2015

2013 : O que esperar ? (Mas ainda aplicável a 2015)


Publicado no Jornal do Comércio - RS - em 27dez2013

 

No mundo da computação a vanguarda reside em “sistemas proféticos”.  Baseados em algoritmos, sua função é prever comportamentos políticos, econômicos e armamentistas de países, de mecanismos de busca e pesquisa - tais como Bing, Google, Yahoo -, a meteorologia, o consumo e comportamento humanos, a criminalidade e o tráfego veicular, entre outros. Pela complexidade, mais se assemelham a oráculos do que a refinamentos matemáticos, e suas previsibilidades atingem 60 a 90% de acerto. Longe de pretensões de exatidão numérica, principio algumas idéias a partir de uma conclusão : O Brasil está em recessão ! Ponto. Um PIB menor que 2% em qualquer lugar do mundo é recessivo, mas o atual governo insiste em negar, apesar do 1% em 2012.  Situação já iniciada em 2011, e arrastou-se por 2012.  De fora para dentro, o eixo econômico EUA-Europa-Japão-China ainda enfrentará dificuldades. Os EUA seguem em lenta recuperação, o que ainda levará anos, ainda mais pela continuidade dos déficits fiscais; somente em 2011 foi de US$ 1,3 trilhão, tendo crescido 5% em relação a 2010. A recessão na Europa ainda deverá ser agravada por, agora, França, Itália e Irlanda, através de suas dívidas mobiliárias na berlinda. Quanto ao comércio internacional, os 34 países da OCDE são responsáveis por 21% das importações da China, e os EUA por outros 22% (fonte : WTO 2011). À medida que a participação da Europa diminui comercialmente pela recessão, mais dependente torna-se a China perante Estados Unidos. Esse movimento de queda nas exportações chinesas já vinha ocorrendo desde 2010, o que pressiona o gigante asiático a diminuir sensivelmente as importações de commodities no mundo, principalmente soja e minérios variados, em que o de ferro afeta diretamente o Brasil. Algo que impactará os custos sobre o transporte marítimo, pois a modalidade de confinamento de cargas transportadas por container representa cerca de 70%, e a China é responsável pela fabricação e propriedade de cerca de 90% deles no mundo. Porém, o frete marítimo deverá manter-se estável, haja vista o déficit mundial de navios mercantes, entre 2004 a 2008, vir sendo normalizado com novos lançamentos desde 2009.  Além de ligeira queda esperada nos preços do minério de ferro, acredita-se que a soja deverá acompanhar tal tendência, estendendo-se, por conseguinte, aos fertilizantes, com pressões inflacionárias sobre os alimentos. Outro aspecto preocupante na economia chinesa é que a mesma vem mantendo parcela dos altos índices de crescimento através da construção civil com induzimento pelo governo, e sem respaldo em demanda, originando metrópoles fantasmas. Um crescimento “comprado” via endividamento, cujo esgotamento será inevitável em futuro próximo e produzirá consequências preocupantes. Já no Brasil as políticas econômicas do governo brasileiro vêm incentivando o consumo, onde paliativamente reduz-se o IPI de alguns setores como automóveis e linha branca, por exemplo. Porém o nível de endividamento das famílias já produz sinais de exaurimento. Acentuando-se os problemas fiscais nos países europeus citados, haverá tendência de fuga de capitais do mercado financeiro nacional, valorizando o dólar norte-americano, promovendo pressões de alta sobre a taxa Selic. Se por um lado ajudará as exportações, por outro tornará mais caras as importações, cujo papel até o presente auxiliou a manter estáveis as taxas inflacionárias, não mais devendo ocorrer. Caso o país não reverta os baixos índices de investimento em infraestrutura – energia , transportes, saneamento -, saúde e educação, a tendência é que continue patinando, sempre dependendo das economias externas. Nada além se pode dizer sobre o Rio Grande do Sul. Seu modelo agroexportador já há muito é finito. O índice médio de retorno de exportações é de US$ 1,02/kg : - Há elevada participação de commodities agrícolas no total exportado, que precisa ser solucionada pela adoção de pólos de agroindústria, a fim de que seja agregado valor. Por mais que se exportem soja e carne em estado bruto, pouco se acrescenta ao preço recebido, impactando marginalmente sobre as receitas do estado, cujas finanças, dívida e previdência, novamente estão à baila no atual governo. Este parece ter jogado fora o equilíbrio obtido pelo governo anterior. Sem falar no conhecido “L” do RS, uma faixa de subdesenvolvimento que vai de Crissiumal a Uruguaiana, e dessa a Pelotas. Faixa semi-esquecida e sem políticas consistentes de desenvolvimento. O que esperar para 2013 ? O mesmo de sempre, até serem resolvidas questões arraigadas por décadas. 

                                                                                                Eduardo Mendonça de Lima
                                                                                                              Economista, Corecon-RS 6.502

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