Vivenciamos o derretimento europeu após 4
anos do sub-prime de 2008, cujo
epicentro foi a China, em 2007. Alguns países desse continente já se
reconverteram ao socialismo, face ao muito que se tem discutido sobre o as
falhas do capitalismo, que modelos socializantes deveriam ser revistos; ou que
a culpa é das bruxas de Salem. Críticos
e oportunistas de variadas ideologias e profissões têm se manifestado.
Já em
1931 o economista russo Ievguêni Preobrajenski, no livro O Declínio do Capitalismo,
manifestou o caráter crítico por que passava o capitalismo a partir de 1929,
sem contudo afirmar que seria uma crise
final ou terminal do sistema. Porém o que mais continua sendo suscitado relaciona-se à
regulação financeira.
O principal motivo para a existência das bolsas de
valores é a evolução populacional e suas inúmeras demandas, cuja evolução tem
sido a passos muito largos : - 1 bilhão de pessoas em 1820; 2 bilhões em 1930;
3 bilhões em 1960; 4 bilhões em 1974; 5 bilhões em 1987; 6 bilhões em 1999 e 7
bilhões em 2011. Como visto, o bilhão
populacional é atingido em prazos cada vez mais curtos em virtude da progressão
geométrica. Como a taxa mundial de crescimento é de 1.092% ao ano, o próximo bilhão
deverá ocorrer em 12 anos, previsto para 2023 : - Seremos 8 bilhões. É condição
sine qua non que a taxa de
crescimento econômico, descontada a inflação, seja ao menos igual à taxa de crescimento
populacional.
Por sua vez os setores público e privado precisam investir
reiteradamente, cuja captação de recursos acaba, direta ou indiretamente, se
originando em mercados financeiros.
A primeira bolsa de valores oficial se deu
em 1602, em Amsterdã, por meio da Companhia das Índias. Independente disso, os
primeiros relatos históricos documentados de dinheiro a juros remanescem a 1772
a.C., no código de Hammurabi, na Mesopotâmia (atual Iraque e imediações). Em 390
a.C., na República de Roma, o termo ações era de relato comum pela Societates Publicanorum.
Em 1158 o fomento mercartil foi amplamente desenvolvido pela Liga
Hanseática, a partir da associação de cidades mercantis do norte da Europa e
Báltico. Entre 1262 a 1379, as cidades-Estado de Gênova e Veneza também emitiram
ações para custeamento de suas guerras. E por último, a Igreja Católica, a partir
da Santa Sé, ao financiar as Cruzadas e parte das descobertas ao novo mundo,
sob a garantia de recebimento de terras e tesouros minerais arrecadados.
Eduardo Mendonça de Lima
Economista, Corecon-RS 6.502
Da idade média aos tempos atuais, o mercado
financeiro mundial, com sua complexa engenharia financeira, tornou-se uma gigantesca
pirâmide de cabeça para baixo cujo vértice, que a apóia, é a economia real. O grau de alavancagem financeira, além
das recorrentes fraudes, é o principal
foco dos problemas. Até 1860 os bancos norte-americanos eram obrigados a
manter lastro em capital ou ativos acima de 40% de seus depósitos para garantia
de suas notas. Em 1900 a exigência já havia caído para cerca de 20%; em 1925 para
12%; e menos de 10% até o final dos anos 1980/90. Estima-se em 5% atualmente,
baseada em fina matemática e estatística de probabilidade. Para prover um
mínimo regramento, surgiram os acordos de Basiléia I e II, e em 2010, o Basiléia
III.
O segundo acordo prevê uma “absorção” da iliquidez bancária imediata
primeiramente no seio do sistema bancário comercial, para posteriormente
recorrer-se a um banco central. Foi implementado por poucos países, entre eles
o Brasil. Os EUA não o haviam executado até 2008. O terceiro triplica a
retenção por um banco do chamado “capital
de qualidade”, isto é, aumenta o percentual de reservas e a gestão de risco. Nesse mesmo país fora cogitada nos anos 1990
a regulação e fiscalização sobre as operações em bolsa. Impossível, pois,
somente na NYSE (Bolsa de Nova York), são processadas mais de 2 milhões de operações diárias (Greenspan, 2008:474).
O mercado se regula pela vigilância da
contraparte. Mas um paliativo crível seria a formação de um fundo com taxas entre
0,2% a 0,4% por operação, para custeio futuro de crises, além de revisão mais
dinâmica e periódica de leis corruptivas visando eficácia punitiva, bem como a
melhoria continuada de conceitos gerenciais, computacionais e, principalmente, da
observação constante de parâmetros econômicos com respectiva fiscalização eficaz
do sistema bancário.
O capitalismo continuará, apesar de suas mazelas e enfrentamentos
de ciclos econômicos. A comprovação, face ao comunismo, ocorre tanto por
evidenciação histórica (bloco da antiga U.R.S.S.) quanto presente (Cuba, Vietnã
do Norte, Coréia do Norte), demonstrando o fracasso deste sistema econômico.
China foge à regra, porque foi inteligente justamente ao ter introduzido medidas
capitalistas há cerca de 20 anos.
Eduardo Mendonça de Lima
Economista, Corecon-RS 6.502
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